Energias Renováveis
Diz-se que uma fonte de energia é renovável quando
não é possível estabelecer um fim temporal para a sua utilização. É o
caso do calor emitido pelo sol, da existência do vento, das marés ou dos
cursos de água. As energias renováveis são virtualmente inesgotáveis,
mas limitadas em termos da quantidade de energia que é possível extrair
em cada momento.
As principais vantagens resultantes da sua utilização consistem no
facto de não serem poluentes e poderem ser exploradas localmente. A
utilização da maior parte das energias renováveis não conduz à emissão
de gases com efeito de estufa. A única excepção é a biomassa, uma vez
que há queima de resíduos orgânicos, para obter energia, o que origina
dióxido de enxofre e óxidos de azoto.
A exploração local das energias renováveis contribui para reduzir a
necessidade de importação de energia, ou seja, atenua a dependência
energética relativamente aos países produtores de petróleo e gás
natural.
As fontes de energia renováveis ainda são pouco utilizadas devido aos
custos de instalação, à inexistência de tecnologias e redes de
distribuição experimentadas e, em geral, ao desconhecimento e falta de
sensibilização para o assunto por parte dos consumidores e dos
municípios.
Ao ritmo que cresce o consumo dos combustíveis fósseis, e tendo em
conta que se prevê um aumento ainda maior a curto/médio prazo,
colocam-se dois importantes problemas: i) questões de ordem ambiental e
ii) o facto dos recursos energéticos fósseis serem finitos, ou seja,
esgotáveis. As fontes de energia renováveis surgem como uma alternativa
ou complemento às convencionais. Num país como Portugal, que não dispõe
de recursos energéticos fósseis, o aproveitamento das fontes de energia
renováveis deveria ser um dos objectivos primordiais da política
energética nacional.
ENERGIA SOLAR
Aproveitar a energia solar significa utilizá-la directamente para uma
função, como seja aquecer um fluído (sistemas solares térmicos),
promover a sua adequada utilização num edifício (sistemas solares
passivos) ou produzir energia eléctrica (sistemas fotovoltaícos).
O nosso país é, a nível europeu, dos que tem mais horas de sol por
ano: entre 2 200 a 3 000. Perante este cenário, seria natural que
fôssemos, também um dos maiores consumidores de energia solar. No
entanto, no nosso país existem cerca de 220 000 m2 de painéis solares instalados, o que é muito pouco comparativamente com a Grécia, que tem 2,6 milhões m2, e a mesma exposição solar.
O sol, não só é uma fonte de energia inesgotável, como permite obter
uma energia limpa e gratuita (após a instalação das unidades de captação
e armazenamento). Embora sejam necessários sistemas auxiliares, que não
utilizam energia renovável, ao nível de poluição é muito reduzido. Por
outro lado, os sistemas de aproveitamento de energia solar são os mais
acessíveis, monetariamente, ao consumidor.
Sistemas Solares Térmicos
O
aquecimento de um fluído, líquido ou gasoso, em coletores solares, é a
utilização mais frequente da energia solar. O aquecimento de água por
esta via é hoje uma tecnologia fiável e economicamente competitiva em
muitas circunstâncias. No nosso país as aplicações mais correntes
verificam-se no setor doméstico, para produção de águas quentes
sanitárias e, em alguns casos, para aquecimento ambiente. Além do setor
doméstico, existem também aplicações de grandes dimensões, nomeadamente
em piscinas, recintos gimnodesportivos, hotéis e hospitais. Também o
setor industrial é susceptível de utilizar sistemas solares térmicos,
quer para as aplicações acima mencionadas, quer quando há necessidade de
água quente de processo a baixa ou média temperatura.
Este
tipo de sistemas capta, armazena e usa directamente a energia solar que
neles incide. Os edifícios constituem um bom exemplo de sistemas
solares passivos. Um edifício de habitação pode ser concebido e
construído de tal forma que o seu conforto, a nível térmico, no Inverno e
no Verão, seja mantido com recurso reduzido a energias convencionais
(como a electricidade ou o gás), com importantes benefícios económicos e
de habitabilidade. Para isso, existe um grande número de intervenções
ao nível das tecnologias passivas, desde as mais elementares, como sejam
o isolamento do edifício e uma orientação e exposição solar adequados
às condições climáticas, a outras mais elaboradas, respeitantes à
concepção do edifício e aos materiais utilizados. Em muitas dessas
intervenções o sobrecusto relativamente a uma construção sem
preocupações energéticas é mínimo. Em situações em que esse sobrecusto é
maior, ele é facilmente recuperado em economia de energia e em ganhos
de conforto.
Sistemas Fotovoltaícos
A energia solar pode ser directamente convertida em energia eléctrica
por intermédio das células fotovoltaícas. As primeiras aplicações
destes sistemas verificaram-se na alimentação permanente de energia a
equipamentos instalados em satélites espaciais.
Em Portugal, temos já algumas aplicações interessantes da energia
solar fotovoltaíca, nomeadamente no fornecimento das necessidades
básicas de energia eléctrica a habitações distantes da rede pública de
distribuição, na sinalização marítima (bóias e faróis), em passagens de
nível ferroviárias e nas telecomunicações (retransmissores de televisão e
sistemas de SOS instalados nas auto-estradas e estradas nacionais).
Actualmente, em Almada, já há também exemplos de aplicação da tecnologia solar fotovoltaíca:
- sistema de sinalização de uma zona de atravessamento para peões, junto à Escola EB1 n.º 1 do Laranjeiro e
- instalação de uma luminária no Parque da Paz. O objectivo destas acções, concretizadas pelo Município de Almada, passa por estudar o desempenho desta tecnologia, para posteriormente avaliar a sua possível extensão a outros locais do Concelho. [incluir fotos destas acções]
Refira-se
que existem ainda outras aplicações em que a energia solar fotovoltaíca
pode ser utilizada com benefício, como por exemplo na irrigação
agrícola, onde há uma relação directa entre as necessidades de água e a
disponibilidade de energia solar.
A integração de sistemas fotovoltaícos em edifícios, nas suas
fachadas e telhados, para fornecimento de energia à rede eléctrica, são
ainda outra possibilidade de aproveitamento da energia solar
fotovoltaíca (por exemplo, em países como a Alemanha e a Holanda esta
possibilidade é cada vez mais uma realidade).
ENERGIA EÓLICA
O vento tem origem nas diferenças de pressão causadas pelo
aquecimento diferencial da superfície terrestre, sendo influenciado por
efeitos locais, como a orografia e a rugosidade do solo
Há
centenas de anos que a humanidade tenta utilizar a energia do vento.
Pequenos moinhos têm servido para tarefas tão diversas como a moagem de
cereais, bombear água e, mais recentemente, accionar turbinas para
produzir electricidade.
Existem, basicamente, dois tipos de turbinas eólicas modernas:
- Os sistemas de eixo horizontal são os mais conhecidos. Consistem numa estrutura sólida elevada, tipo torre, com duas ou três pás aerodinâmicas que podem ser orientadas de acordo com a direcção do vento;
- Os sistemas de eixo vertical são menos comuns, mas apresentam a vantagem de captarem vento de qualquer direcção.
Apesar de não ser um dos países mais ventosos da Europa, Portugal tem
condições bastante favoráveis ao aproveitamento da energia eólica do
que, por exemplo, algumas zonas da Alemanha, onde os projectos se
implementam a um ritmo impressionante. Os arquipélagos da Madeira e dos
Açores constituem zonas de território nacional onde o potencial eólico é
muito elevado. Ainda que Portugal esteja já bem posicionado
relativamente a outros países, e de as perspectivas actuais apontarem
para um crescimento acentuado neste sector, está ainda muito aquém do
seu potencial eólico. Este corresponde a mais de 3 500 MW quando,
actualmente, apenas se encontram instalados cerca de 200 MW.
Os locais com regime de vento favorável encontram-se em montanhas e
em zonas remotas. Daí que coincidam, em geral com zonas servidas por
redes eléctricas antigas e com fraca capacidade, dificultando o
escoamento da energia produzida. As soluções imediatas para o problema
passam pela construção de linhas muito extensas, cujos custos tornam os
projectos pouco atractivos.
De referir também, que existem implicações a nível ambiental que põem
em causa a viabilização de alguns projectos, tais como o ruído, o
impacto visual e a influência na avifauna.
Qualquer destes aspectos tem conhecido grandes desenvolvimentos. Quer
seja através da condução de estudos sistemáticos que mostram serem
exagerados os receios anunciados, quer através da consciencialização dos
promotores para os cuidados a adoptar, mormente na fase de construção,
quer ainda pelas inovações tecnológicas que vão sendo incorporadas
(perfis aerodinâmicos ais evoluídos, novos conceitos de regulação,
máquinas de maior potência permitindo reduzir o número de unidades a
instalar, etc.), a evolução é, claramente, no sentido da crescente
compatibilização ambiental da tecnologia. Pelas razões anteriormente
referidas, em grande parte dos casos é exigido ao promotor de um parque
eólico a realização de um estudo de incidências ambientais, cujo grau de
profundidade depende da sensibilidade do local.
Além dos parques eólicos, os aerogeradores existentes em Portugal
encontram-se em pequenos sistemas autónomos de produção de energia
eléctrica. Estes estão, normalmente, integrados com sistemas
fotovoltaícos para fornecer electricidade a habitações, a sistemas de
telecomunicações e a sistemas de bombagem de água que se encontrem
afastados da rede pública.
No
Alentejo, no concelho de Ourique, foram electrificadas cinco aldeias,
que contam com uma mini-rede de distribuição alimentada por um sistema
autónomo de produção de energia eléctrica, o qual é composto por um
pequeno grupo de aerogeradores, associado a uma pequena central de
painéis fotovoltaícos. Esta rede abrange cerca de 60 habitações.
Uma outra possibilidade de aproveitamento da energia eólica consiste
nos parques offshore, instalados ao largo da costa marítima, de modo a
tirar partido dos ventos fortes que caracterizam esta zona.
Infelizmente, embora Portugal tenha uma ampla costa marítima, não reúne
as melhores condições para este tipo de parque eólico, já que o mar é
muito profundo a poucos metros da costa, o que dificultaria a
implementação dos parques.
BIOMASSA
Esta
é uma designação genérica que engloba o aproveitamento energético da
matéria orgânica, ou seja, dos resíduos provenientes da limpeza das
florestas, da agricultura e dos combustíveis resultantes da sua
transformação. A energia pode ser obtida através da combustão directa
dos materiais ou duma transformação química ou biológica, de forma a
aumentar o poder energético do biocombustível.
Existem vários aproveitamentos deste tipo de combustíveis, dos quais
se salientam a combustão directa, o biogás, e os biocombustíveis:
Combustão Directa
A queima de resíduos florestais e agrícolas produz vapor de água.
Este, por sua vez, é canalizado para uma turbina com o objectivo final
de produzir electricidade (ex. Central térmica de Mortágua).
Biogás
O biogás é um gás combustível, constituído em média por 60% de metano e 40% de CO2,
que é produzido através de um processo denominado digestão anaeróbia
dos resíduos orgânicos, ou seja, pela utilização de bactérias capazes de
decompor os resíduos sem ser necessária a presença de oxigénio. As
áreas potenciais principais de produção de biogás são as do sector
agro-pecuário, da indústria agro-alimentar, das ETAR municipais e dos
resíduos sólidos urbanos (RSU) e a sua queima pode ser feita em pequenas
instalações, para produzir energia eléctrica. Uma vantagem resultante
da combustão do biogás é a possibilidade de eliminar o metano, que é um
dos gases que contribui para o efeito de estufa.
Biocombustíveis
Englobam-se aqui os ésteres metílicos (biodiesel) e os alcoóis.
Através da transformação de certos óleos vegetais, como o de girassol,
colza, milho, palma ou amendoim obtém-se um biodiesel que pode ser
misturado com o gasóleo e alimentar motores deste tipo. Outra fonte de
matéria-prima é a recuperação dos óleos usados em frituras (restauração,
cantinas), mediante uma recolha selectiva. Estes óleos podem ser
facilmente transformados em biocombustível, tendo como vantagem
acrescida a eliminação de uma fonte de poluição.
Nos casos mais comuns e nos projectos-piloto desenvolvidos em
Portugal (por ex. autocarros em Évora e Lisboa) tem-se substituído 5% do
gasóleo por estes ésteres, sem que os motores percam eficiência. Mas os
estudos efectuados revelam que é possível substituir até cerca de 30% o
gasóleo. O mesmo tipo de substituição pode ser efectuado na gasolina,
mas em menor escala (apenas 5% a 10%) e usando alcoóis em vez de
ésteres.
Actualmente, o custo final do litro de biodiesel é muito elevado porque:
- a produção nacional de girassol e de colza não é suficiente;
- a produtividade agrícola é muito baixa, devido aos processos de cultivo e ao tipo de solos;
- o custo da recolha e do transporte da matéria-prima é elevado; etc.
ENERGIA GEOTÉRMICA
Caracteriza-se por ser a energia térmica proveniente do interior da
Terra. Os vulcões, as fontes termais e as fumarolas (por ex. nos Açores)
são manifestações conhecidas desta fonte de energia. Actualmente, é
utilizada em estações termais para fins medicinais e de lazer, mas
também pode ser utilizada no aquecimento ambiente e de águas sanitárias,
bem como, estufas e instalações industriais.
Numa central de energia geotérmica, tira-se partido do calor
existente nas camadas interiores da Terra, para produzir o vapor que vai
accionar a turbina. Na prática, são criados canais suficientemente
profundos para aproveitar o aumento da temperatura, e injecta-se-lhes
água. Esta, por sua vez, transforma-se em vapor (que é submetido a um
processo de purificação antes de ser utilizado) e volta à superfície,
onde é canalizada para a turbina.
Em
Portugal, existem alguns exemplos de aproveitamento deste tipo de
energia. É o caso da central geotérmica da Ribeira Grande, no
arquipélago dos Açores, que produz energia eléctrica com potencial para
garantir, na sua fase final, o fornecimento de 50 a 60% das necessidades
de energia eléctrica da ilha de São Miguel (actualmente já assegura
cerca de 29%).
As principais vantagens desta fonte de energia são o facto de não ser
poluente e das centrais não necessitarem de muito espaço, de forma que o
impacto ambiental é bastante reduzido. Ainda que apresente também
alguns inconvenientes, como por exemplo, o facto de não existirem muitos
locais onde seja viável a instalação de uma central geotérmica, dado
que é necessário um determinado tipo de solo, bem como a disponibilidade
de temperatura elevada no local até onde seja possível perfurar; ao
perfurar as camadas mais profundas, é possível que sejam libertados
gases e minerais perigosos, o que pode pôr em causa a segurança das
pessoas que vivem e trabalham perto desse local.
ENERGIA HÍDRICA
O aproveitamento dos cursos de água, para a produção de energia
eléctrica, é o melhor exemplo de sucesso de utilização de energias
renováveis em Portugal.
No decorrer do século XX, a produção de hidroelectricidade foi
efectuada principalmente através da construção de barragens de grande ou
média capacidade. O princípio de funcionamento destas centrais é muito
simples. Consiste em converter a energia mecânica existente num curso de
água, como um rio, em energia eléctrica, que pode ser transportada em
grandes distâncias e finalmente usada em nossas casas. Para aumentar o
potencial do curso de água, constroem-se barragens, cujo propósito é
reter a maior quantidade de água possível e criar um desnível acentuado.
Recentemente, a energia da água em sido aproveitada por mini ou micro
hídricas. Estas são pequenos açudes ou barragens, que desviam uma parte
do caudal do rio devolvendo-o num local desnivelado (onde estão
instaladas turbinas), e produzindo, assim, electricidade.
Actualmente,
uma parte significativa da energia eléctrica consumida em Portugal tem
origem hídrica. No entanto, é preciso não esquecer que a produção deste
tipo de energia está directamente dependente da chuva. Quando a
precipitação é mais abundante, a contribuição destas centrais atinge os
40%. Pelo contrário, nos anos mais secos, apenas 20% da energia total
consumida provém dos recursos hídricos.
ENERGIA DOS OCEANOS
O potencial de energia das marés e das ondas aguarda por avanços
técnicos e tecnológicos que permitam uma maior aplicação. Ambas podem
ser convertidas em energia eléctrica, usando diferentes tecnologias.
As zonas costeiras portuguesas (em especial a costa ocidental do
continente e as ilhas dos Açores) têm condições naturais muito
favoráveis para o aproveitamento da energia das ondas. Infelizmente, as
tecnologias de conversão desta energia estão ainda em fase de
desenvolvimento. Apesar deste facto, Portugal é um dos países pioneiros,
com duas centrais de aproveitamento da energia das ondas, uma delas na
ilha do Pico (junto à costa) e a outra em Castelo de Neiva (no mar).
Numa central de aproveitamento da energia das ondas, tira-se partido
do movimento oscilatório das mesmas. Tal é conseguido criando câmaras ou
colunas em zonas costeiras. Essas câmaras estão, parcialmente, cheias
de água, e têm um canal aberto para o exterior por onde entra e sai ar.
Quando a onda se aproxima, a água que está dentro da câmara sobe,
empurrando o ar para fora, através do canal. Quando a onda desce, dá-se o
movimento contrário. No canal de comunicação de entrada e saída do ar
existe uma turbina que se move, consoante o movimento do ar na câmara.
Tal como nos outros casos, a turbina está ligada ao gerador eléctrico,
produzindo electricidade.
Outra
forma de aproveitar a energia dos oceanos é tirando partido do
movimento constante das marés. As centrais de aproveitamento da energia
das marés funcionam de forma semelhante às barragens hidroeléctricas. De
tal forma, que implicam a construção de grandes barragens, atravessando
um rio ou um estuário. Quando a maré entra ou sai da foz do rio, a água
passa através de túneis aberto na barragem. As turbinas, colocadas
nesses túneis, movimentam-se consoante as idas e vindas das marés.
Refira-se que, ao largo de Viana do Castelo, existe uma barragem que
aproveita a energia das marés.
No entanto, saliente-se que a implementação de ambas as centrais é
bastante complicada. No caso do aproveitamento da energia das ondas, é
necessário escolher locais onde estas sejam continuamente altas, o que
significa que a central de suportar condições adversas e muito
rigorosas. No caso das marés, as barragens também têm de ser bastante
resistentes. Além de que, ocuparão uma área maior do que no caso das
ondas, o que tem implicações ambientais associadas, por exemplo, à
renovação dos leitos dos rios.
Energias Não Renováveis
As fontes de energia não renováveis são aquelas que se encontram na natureza em quantidades limitadas
e se extinguem com a sua utilização. Uma vez esgotadas, as reservas não
podem ser regeneradas. Consideram-se fontes de energia não renováveis
os combustíveis fósseis (carvão, petróleo bruto e gás natural) e o
urânio, que é a matéria-prima necessária para obter a energia resultante
dos processos de fissão ou fusão nuclear. Todas estas fontes de energia
têm reservas finitas, uma vez que é necessário muito tempo para as
repor, e a sua distribuição geográfica não é homogênea, ao contrário das
fontes de energia renováveis, originadas graças ao fluxo contínuo de
energia proveniente da natureza.
Geralmente, as fontes de energia não renováveis são denominadas fontes de energia convencionais, uma vez que o sistema energético atual assenta na utilização dos combustíveis fósseis. São também consideradas energias sujas,
já que sua utilização é causa direta de importantes danos para o meio
ambiente e para a sociedade: destruição de ecossistemas, danos em
bosques e aquíferos, doenças, redução da produtividade agrícola,
corrosão de edificações, monumentos e infraestruturas, deterioração da
camada de ozono ou chuva ácida. Sem esquecer os efeitos indiretos como
os acidentes em sondagens petrolíferas e minas de carvão ou a
contaminação por derramamentos químicos ou de combustível.
Atualmente, um dos problemas ambientais mais graves, resultante de
um sistema energético que privilegia o uso de fontes de energia não
renováveis é o denominado efeito de estufa. As
instalações que utilizam combustíveis fósseis não produzem apenas
energia, mas também grandes quantidades de vapor de água e de dióxido de
carbono (CO2), gás que é um dos principais responsáveis pelo
efeito de estufa do planeta. A par deste, são ainda emitidos para a
atmosfera outros gases nocivos como os óxidos de azoto (NOx), de enxofre (SO2)
e os hidrocarbonetos (HC). Estes gases, por sua vez, provocam uma série
de modificações ambientais graves e cuja concentração na atmosfera
causa a poluição das cidades, a formação de chuvas ácidas, de névoa
(denominada smog fotoquímico), o aumento do efeito de estufa do planeta e
concentrações elevadas de ozono troposférico.
O recurso à energia nuclear surgiu como uma solução possível face ao
problema do efeito de estufa (não são emitidos gases poluentes para a
atmosfera; contribui para a diversificação das fontes de energia,
diminuindo a vulnerabilidade do país às oscilações de preço dos
combustíveis fósseis; etc.) mas os riscos inerentes à produção de
energia elétrica recorrendo a esta fonte (perigo de explosão nuclear e
de fugas radioativas; produção de resíduos radioativos; contaminação
radioativa; etc.), sem esquecer também o custo elevado de construção e
manutenção das instalações, contribuem significativamente para que o uso
desta fonte de energia continue a ser encarada, por muitos, como um
risco desaconselhável.
Outro problema que resulta de um sistema energético baseado na utilização de combustíveis fósseis é a dependência econômica
dos países não produtores das matérias-primas. Em alternativa, as
energias renováveis são geralmente consumidas no local onde são geradas,
isto é, são fontes de energia autótones. Desta forma, é possível
diminuir a dependência dos fornecimentos externos e contribuir ainda
para o equilíbrio inter territorial e para a criação de postos de
trabalho em zonas mais deficitárias. Neste sentido, estima-se que as
energias renováveis são responsáveis pela criação de cinco vezes mais
postos de trabalho do que as convencionais, que geram muito reduzidas
oportunidade de emprego, atendendo ao seu volume de negócio.
O rápido crescimento observado para o consumo energético, com todos
os problemas inerentes ao atual modelo energético baseado nas energias
não renováveis, fazem com que seja imprescindível propor um novo modelo
baseado na eficiência e na poupança energéticas e na implementação das
energias renováveis. É importante ter em conta que os impactos
ambientais, resultantes do modelo vigente, têm um grande custo sacio-econômico para a sociedade. Em virtude de um modelo energético
insustentável, o homem está sujeito às consequências econômicas que dai
resultam, bem como, aos impactos negativos da deterioração do meio
ambiente.
Carvão
O
carvão é uma rocha orgânica com propriedades combustíveis, constituída
maioritariamente por carbono. A exploração de jazidas de carvão é feita
em mais de 50 países, o que demonstra a sua abundância. Esta situação
contribui, em grande parte, para que este combustível seja também o mais
barato.
Inicialmente, o carvão era utilizado em todos os processos
industriais e, ao nível doméstico, em fornos, fogões, etc. Foi,
inclusive o primeiro combustível fóssil a ser utilizado para a produção
de energia elétrica nas centrais térmicas. Refira-se que, em 1950, o
carvão cobria 60% das necessidades energéticas mundiais, mas atualmente
esta percentagem sofreu uma redução significativa. Nos dias de hoje,
devido ao petróleo e seus derivados, deixou de ser utilizado na
indústria, com excepção da metalúrgica, e do setor doméstico. Estima-se
que, com o atual ritmo de consumo, as reservas disponíveis durem para
os próximos 120 anos.
O principal problema da utilização do carvão prende-se com os
poluentes resultantes da sua combustão. De facto, a sua queima, conduz à
formação de cinzas, dióxido de carbono, dióxidos de enxofre e óxidos de
azoto, em maiores quantidades do que os produzidos na combustão dos
restantes combustíveis fósseis.
Petróleo
O petróleo é um óleo mineral, de cor escura e cheiro forte,
constituído basicamente por hidrocarbonetos. A refinação do petróleo
bruto (ou crude) consiste na sua separação em diversos componentes e
permite obter os mais variados combustíveis e matérias-primas.
As primeiras frações da refinação (isto é, os primeiros produtos
obtidos) são os gases butano e o propano, que são separados e
comercializados individualmente. No entanto, podem também ser misturados
com o etano constituindo, assim, os gases de petróleo liquefeitos
(GPL).
Um dos principais objetivos das refinarias é obter a maior
quantidade possível de gasolina. Esta é a fração mais utilizada do
petróleo e, também, a mais rentável, tanto para a indústria de refinação
como para o Estado. Saliente-se que, todos os transportes, a nível
mundial, dependem da gasolina, do jet fuel
(usado pelos aviões) e do gasóleo. Por esta razão, as refinarias têm
vindo a desenvolver, cada vez mais, os processos de transformação das
frações mais pesadas do petróleo bruto em gasolina e gasóleo.
Estima-se que, com o atual ritmo de consumo, as reservas planetárias de petróleo se esgotem nos próximos 30 ou 40 anos.
Trata-se de um combustível muito nocivo para o ambiente em todas as fases do consumo:
- durante a extração, devido à possibilidade de derrame no local da prospecção;
- durante o transporte, o perigo advém da falta de fiabilidade dos meios envolvidos, bem como, da utilização de infraestruturas obsoletas;
- na refinação, o perigo de contaminação através dos resíduos das refinarias é uma realidade e
- no momento da combustão, devido à emissão para a atmosfera de gases com efeito de estufa.
Gás Natural
O gás natural é um combustível fóssil com origem muito semelhante à
do petróleo bruto, ou seja, formou-se durante milhões de anos a partir
dos sedimentos de animais e plantas. Tal como o petróleo, encontra-se em
jazidas subterrâneas, de onde é extraído. A principal diferença
prende-se com a possibilidade de ser usado tal como é extraído na
origem, sem necessidade de refinação.
Atualmente, Portugal recebe o gás natural proveniente da Argélia
através de gasoduto. Junto às zonas de consumo, urbano e/ou industrial, o
gás natural passa dos gasodutos para as redes de distribuição, que são
instaladas, regra geral, por baixo dos passeios ou das bermas das
estradas, e através das quais chega a casa dos consumidores.
Constituído por pequenas moléculas apenas com carbono e hidrogênio, o
gás natural apresenta uma combustão mais limpa do que qualquer outro
derivado do petróleo. Acresce também, que no que respeita à emissão de
gases com efeito de estufa (dióxido de carbono, dióxido de enxofre e
óxidos de azoto), a combustão do gás natural apenas origina dióxido de
carbono e uma quantidade de óxidos de azoto muito inferior à que resulta
da combustão da gasolina ou do fuelóleo.
Energia Nuclear
A
energia nuclear é produzida através das reações de fissão ou fusão dos
átomos, durante as quais são libertadas grandes quantidades de energia
que podem ser utilizadas para produzir energia elétrica. A fissão
nuclear utiliza o urânio, um mineral presente na Terra em quantidades
finitas, como combustível e consiste na partição de um núcleo pesado em
dois núcleos de massa aproximadamente igual.
Ainda que a quantidade de energia produzida através da fissão nuclear
seja significativa, este processo apresenta problemas de difícil
resolução:
- perigo de explosão nuclear e de fugas radioativas;
- produção de resíduos radioativos;
- contaminação radioativa e
- poluição térmica.
Em alternativa, a energia nuclear pode também ser produzida através
do processo de fusão nuclear, que consiste na união de dois núcleos
leves para formar outro mais pesado e com menor conteúdo energético,
através do qual se libertam também grandes quantidades de energia. Este
processo envolve átomos leves, como os de deutério, tritio ou hidrogênio, que são substâncias muito abundantes na natureza.
De referir, que o impacto ambiental resultante do processo de fusão é
muito menor, quando comparado com o da energia nuclear produzida por
fissão. Atualmente, esta fonte de energia encontra-se ainda numa fase
experimental, já que a tecnologia ainda não conseguiu criar reatores de
fusão devido às altas temperaturas necessárias para levar a cabo o
processo.
Enquanto não se conseguir encontrar uma forma segura de utilizar a
energia nuclear e de proceder ao tratamento eficiente e durável dos
resíduos resultantes desta atividade, esta continuará a ser encarada
como um rico desaconselhável. Em Portugal, não existem centrais
nucleares. No entanto, consumimos eletricidade que provém delas. Ainda
que as nossas centrais tenham capacidade para produzir energia elétrica
suficiente para suprir as necessidades atuais, a realidade é que, em
alguns momentos ocorrem picos de consumo e é preciso importar energia. A
Espanha é a nossa fornecedora de energia elétrica nessas alturas. Como
este país utiliza a energia nuclear, é fácil constatar como esta entra
em Portugal.
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